As entidades cooperativas, pelo seu caráter duplo de empresas e movimentos sociais, possuem duas memórias. Uma -a oficial- corresponde ao conjunto de dados administrativos que as leis e regulamentações obrigam a registrar e guardar. A outra, corresponde à vida desse movimento social, aos como, porquê e para que dessas empresas.
Esta memória, como a da maioria das organizações sociais, foi unicamente preservada de forma parcial e assistemática. Por causa das contingências econômicas e políticas que essas instituições vivenciaram, como a urgência do dia-a-dia e a ausência de uma tradição que valore o registro da obra desenvolvida.
Além do mais, a atividade dos movimentos sociais, sempre que não estiveram confrontados com as intituições estaduais, motivou, salvo algumas exceções, que os arquivos e Hemerotecas oficiais não se ocupem da sua história. Todo isto no entorno de uma sociedade argentina que não reconhece o valor da conservação dos rastos do seu passado em nenhuma das suas expressões.
A ausência de memória coletiva nas organizações sociais adquire uma especial significação se consideramos que:
- A conservação, estudo e releitura das experiências originadas ao redor da vida das instituições sociais é um capítulo imprescindível no seu processo de crescimento e no desenvolvimento da participação democrática dos seus membros.
- A recuperação da memória institucional faz com que inventariar o passado de forma coletiva e individual, reconhecer-se com história, processar o tempo transcorrido e valorar o presente seja possível, operando como uma forma de achar valores, propostas, projetos inconclusos e sentidos de pertença.
Assim é como se reforça a afirmação da identidade, ao tempo em que se ajuda a contextualizar e não idealizar as lembranças e tradições.
Estas considerações colocam em primeiro plano a necessidade de realizar uma busca sistemática de todos os testemunhos documentais, hemerográficos e orais que ainda possam se recuperar para a pesquisa e o patrimônio cultural do movimento cooperativo.